Eu gostava de colecionar figurinhas de jogadores na época da Copa do Mundo. Além da fotografia dos jogadores, tinham as figurinhas dos emblemas das seleções, dos estádios que iriam sediar os jogos e dos troféus dos ganhadores da Copa. As seleções que já haviam sido campeãs e as favoritas ao título eram as mais difíceis de completar. Estavam entre as minhas seleções favoritas a do Brasil (é claro) e a seleção Italiana, a famosa Squadra Azzurra.
Na segunda-feira dia 13 de novembro, em Milão na Itália, aconteceu algo que não acontecia há mais de sessenta anos. A seleção da Itália não conseguiu vencer a Suécia, a qual já havia vencido o jogo anterior de “repescagem” das eliminatórias, ficando de fora da Copa do Mundo de 2018 na Rússia. Os italianos estão inconformados pelo fato da sua seleção de futebol não poder participar na próxima Copa. Consigo imaginar os repórteres em busca de porquês e a população na rua com uma “ressaca” da derrota mediante a desclassificação que foi inesperada.
A velha e famosa frase do futebol: “Camisa (tradição) não vence jogo, o que vence é bola na rede”, prova mais uma vez que é verdade. Definitivamente a tradição sozinha não pode vencer jogos, garantir uma classificação ou mudar a realidade.
Acredito que dá pra aplicar essa “verdade” na vida cristã. A tradição não leva ninguém para o céu, para a vida Eterna. A nossa história pessoal, ou da nossa família, ou até mesmo da própria igreja onde congregamos não garantem a salvação de ninguém. Veja o que Paulo diz: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” – Efésios 2:8 e 9.
Paulo deixa claro, a salvação é graça e nada mais! Não há nada que a gente possa fazer para que mereçamos a salvação. A Vida eterna é um presente de Deus para nós. O que temos que fazer é crer em Jesus Cristo como nosso Salvador e aceitar a sua morte na cruz como perdão pelos nossos pecados.
Por mais fácil que seja ler isso, a gente tem facilidade de esquecer e achar que a tradição pode fazer com que eu mereça a minha salvação. Pense bem, se a tradição nos desse alguma vantagem no Reino de Deus, este seria dividido em classes sociais ou até mesmo estatamentais, como na idade média, onde haviam aqueles que eram melhores dos que os outros porque haviam nascidos nas famílias feudais. Isso vai contra tudo aquilo que Jesus fez: a valorização da mulher, que até então era marginalizada; a cura de cegos, leprosos e paralíticos, tirando-os da condição de miséria e reinserindo-os na sociedade; assim como a escolha de pescadores, rebeldes e cobradores de impostos, homens comuns e até mesmo descredibilizados para serem os discípulos e os multiplicadores de sua Palavra.
O fato é que Cristo nos apresenta Deus como um Pai. Logo, se Deus é um pai todos nós somos os seus filhos, não por merecimento e sim por amor. Amor esse que pode alcançar a qualquer um, que não vê classe social ou história. Que não se importa com o estado da pessoa, ou com o sobrenome que foi registrado. Amor representado pela Graça, pela morte de Cristo na Cruz, longe da tradição e, conforme diz João no primeiro capítulo de seu evangelho, próximos de todos os que o receberem.