Sou uma pessoa forjada nas exatas e torneada nas humanidades, isto quer dizer que meu raciocínio flerta com esses dois mundos. Não acho que isso me torne bom nas duas áreas, claro que não. Mas acho que existem grandes possibilidades, ao mesclar as áreas, aproveitando de ambas para se fazer entender.
Foi assim que surgiu esta reflexão.
Começa com o conceito de ponto de origem ou de aplicação, seguido por um sentido, uma direção… então, como não pensar nas grandezas vetoriais? Cálculos que podem dizer com segurança, qual será direção do movimento.
Portanto, tudo que existe, necessariamente tem um ponto de partida, inclusive nossas decisões, ideias, carreira, vida. Sempre houve um ponto inicial que desencadeou reações que nos trouxeram até onde estamos ou nos levarão a um lugar que ainda chegaremos.
Esse ponto de partida, hoje, é algo extremamente diversificado, gerador de ambiguidades, pesadas dúvidas e de um universo de incertezas; fato que, inclusive, estranhamente, nos encanta.
Mas não foi sempre assim, aliás, não era para ser desse jeito.
Quando Deus fez o projeto humano, dimensionou uma fonte segura de alimentação que serviria como ponto de partida para tudo que o homem fizesse ou quisesse.
A Árvore da Vida não garantia apenas a condição de sobrevivência física, obviamente necessária para o tipo de desafio que seria viver neste planeta. Tratava-se de matéria primordial que sustentaria nossas funções cerebrais, nossos sistemas digestivos, neurais, diuréticos, vasculares e todos os outros sem qualquer dano, bloqueio ou atrofiamento.
Dá pra imaginar isso? Alimento perfeitamente equilibrado com nossos gastos calóricos diários. Nada de obesidade, nada de acúmulo ou escassez de algo… um ser ideal de/com funcionamento motor infinito!
Esse alimento primordial também seria responsável por nossas decisões, uma vez que nada do que fizéssemos seria gerador de trauma, arrependimento ou frustração… vida perfeita, decisões perfeitas, atitudes perfeitas, relacionamentos perfeitos, vida social equilibrada, convívio com a natureza sem disputas, sem agressões, sem carências, sem opressões, sem ameaças, sem medo… mundo ideal.
Tudo porque nossa alimentação era nosso ponto de partida, nosso ponto de origem para todas as movimentações… a Árvore da Vida.
Que fruto seria esse?
Não consigo imaginar. Nem mesmo com a alta criatividade dos nerds de plantão, ou em consulta aos inúmeros episódios de Star Treck (incluindo o recente Discovery da Netflix). Não consigo pensar numa fruta que possa realizar tantas demandas, apaziguar a alma e dar segurança de que a opção escolhida foi a melhor, a mais madura, a não prejudicial à vida.
Em dado momento da existência humana, abrimos mão do ponto de origem, da alimentação adequada, do fornecimento equilibrado de vitaminas e trocamos pelo prazer das “gorduras trans”. Fomos iludidos pelo feitiço dos fast food, com suas cores, luzes de neon, chamadas de propaganda com ícones da sociedade, dotados de nomes importados e, portanto, melhores… agora nos alimentamos da outra árvore… a da ciência do Bem e do mal. Intrigante, não?
A partir daí, as tomadas de decisões e de rumos teriam outras opções; afinal, agora tudo pode ser relativo, tudo depende do que eu entendo por melhor… eu sei o que é melhor pra mim… claro. Mesmo que isso entristeça a outros, ou leve a falência de alguns… o importante sou eu e o que eu penso.
Bem-vindos à vida a partir do ponto: Árvore da Ciência do Bem e do Mal!
Neste estilo de vida confuso, pode se esperar diversos vetores, com números complexos e de difícil conclusão sobre sua direção. Tudo porque nossas decisões passaram a ser tomadas a partir de um parâmetro indefinido, inseguro, não absoluto, variável… mutante!
Talvez seja esse o maior resgate que o Evangelho propõe para nós: o retorno ao alimento correto, à fonte de tudo, à Árvore da Vida. Volte sempre à fonte de toda sabedoria, nutrição, realização e dinâmica que a vida exige… volte-se, sempre, para Deus e sua fonte!