Jogo de Copa é diferente. Cada segundo conta. Almocei hoje com um cliente e dois diretores da Record Campinas. Foi engraçado. Um olho e um ouvido no almoço e nos negócios, enquanto o outro olho e o outro ouvido estavam atentos no telão do restaurante com uns poucos torcedores da Alemanha e muitos empurrando os coreanos a cada lance. Saí de lá umas 14h10, trânsito a mil, coração pulsando forte. Cheguei em casa, família reunida e, pra aumentar a emoção, meu neto estreando seu body com as cores da seleção. Aí vem o hino. Pausa. Sou do tempo que se cantava o hino nacional todo dia na escola e, amigos, me chamem de piegas, chorão, emotivo, patriota, me chamem do que quiser, mas vibro muuuito com o hino nacional. Agora, quando a organização da Copa para o nosso hino pela metade e a torcida, junto com os jogadores, seguem cantando a capela, é simplesmente de arrepiar. E o jogo nem tinha começado…!
Então começa e a lembrança do último jogo ganho nos últimos minutos incomoda. Jogo estudado e cauteloso. Aí, aos nove minutos o Marcelo pede pra sair, outras lembranças de outras Copas surgem, contusões, mal estar. O jogo segue e, aos trinta e cinco minutos o Paulinho coloca na rede. Vem o segundo tempo, aos dezenove minutos Fagner sobe no primeiro andar pra disputar uma cabeçada, o problema é que o sérvio sobe no terceiro andar e dá uma cabeçada firme, Alisson encaixa, ufa! Escanteio, vinte e três minutos, Neymar bate com precisão, Tiago Silva sobe feito um pequeno Davi em meio a um monte de Golias, sobe mais, sobe com firmeza, sobe com decisão, acerta uma cabeçada certeira, caixa! É gol! 2×0. Suspiros. Calma entre os jogadores e torcida. Aos 31 já se ouvia gritos de olé pelo estádio.
Os dias são assim. A vida é assim. As vezes a tão sonhada vitória acontece no minuto final, as vezes é construída passo a passo. A seleção teve inteligência e equilíbrio hoje. Vi um time harmonioso, solidário, um jogando pelo outro, um sonhando o sonho do outro. Afinal, seria difícil a cada jogo enfrentarmos as tensões vividas contra a Costa Rica, pois as emoções precisam de pausas, de variáveis. Segue o jogo, segue a vida. A vitória de hoje não deve fazer os atletas baixarem a guarda. O próximo jogo é outra história. Apesar dos pesares, amanhã será um outro dia.
Hoje os canarinhos com cautela, foco e paciência souberam superar as águias. “Águias” é a forma carinhosa como a seleção da Sérvia é tratada por seu povo. Não importa se aves de rapina rondam seu ninho, se depressões, pânicos, suicídios, medos e todo tipo de insegurança estejam rondando e ameaçando sua paz. Somos frágeis como canarinhos. Os da seleção seguiram as orientações do Tite e superaram as águias, quanto a nós basta termos a ousadia de sermos obedientes as orientações do Eterno, certamente Ele nos fará voar em alturas que jamais pensamos. Voa, canarinho, voa!