Nossa igreja, como tantas outras, está plantada dentro de uma cidade. A frase, além de óbvia, parece que não oferece caminhos de continuar esse texto. Será? Antes de te responder, me diga: onde você nasceu? Onde está sua escola? Quando você vai para sua casa, quais caminhos você utiliza? Onde fica o seu trabalho? Todas essas respostas terão como núcleo principal (mesmo que seja um sujeito oculto) a palavra “cidade”.
Não é pouca coisa imaginar que praticamente tudo o que fazemos hoje em dia acontece no contexto da cidade. Mesmo quando nos deslocamos por estradas, mar ou ar, sempre buscamos de novo pisar, viver e curtir uma cidade. Quando levei recentemente o Rafa para um sítio, parece mesmo que estamos em outra dimensão, o mundo rural, onde tudo é estranho e diferente para gente urbana como minha família (veja bem, não disse ruim, meu filho ama estar no campo). Aliás, meus filhos, salvo grande alteração na ordem mundial, crescerão em ambientes urbanos, será nas cidades que eles desenvolverão profissão e farão escolhas entre o bem e o mal, assim como você e eu.
Aqui, vamos começar a voltar para a igreja e responder o “será” ali de cima. A igreja parece ser um contraponto à cidade, pois rejeitamos a corrupção, a sensualidade escancarada, os vícios ao alcance da mão, a virtualidade e a superficialidade, oferecidas pela cultura da cidade. Além de rejeitar, nossa pregação aponta para esses perigos que adolescentes e jovens estão expostos nos ambientes urbanos. A Bíblia nos garante esse direito, pois muitas vezes e muitos textos pregam contra a antiga vida que os cristãos levavam em suas cidades como Roma, Corinto, Tessalonica, Filipos ou Colossos.
Mas, a Bíblia também diz que somos luz para a cidade, afinal é Jesus quem afirma que “vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mt. 5.14). Galera, agora me dirijo diretamente a vocês: a igreja está plantada dentro da cidade por dois motivos – ela é sim um contraponto para que cada um possa refletir sobre o mal e o bem e fazer escolhas pessoais. Mas ela também é luz que precisa brilhar, fazer diferença. Nesse sentido, servir à cidade e amar as pessoas da cidade é um mandamento de Deus, pois somos chamados a ir a Jerusalém (cidade), Samaria (outra cidade), Judeia (uma região cheia de cidades) e até os confins da terra (na cidade mais distante) para levar o amor de Cristo, para ser luz amando e servindo.
Estar na cidade não é mero acaso ou obviedade, é um desafio e uma oportunidade. O desafio encontra-se no fato de não ser dominado pelo pecado que ela constantemente oferece. Além disso, o desafio é mudar a visão da cidade. Que tal ao invés de olhar para ela e pensar como todo mundo somente em suas ofertas tentadoras, você consiga olhar para a cidade como um lugar de brilhar, amando e servindo a Cristo, na escola, no trabalho, na facul ou com os amigos sentados em um restaurante, cinema ou academia. Essa é a oportunidade, estamos tão próximos da cidade não para sermos engolidos por ela, mas para fazermos diferença nela, para o bem dela e por amor a Cristo que também lutou contra os pecados da cidade, mas amou cada pecador em cada cidade por qual passou. A frase também é óbvia e agora sim o texto já pode acabar. Seja luz!
Em Cristo.