No dia 17 de maio deste ano, os alunos do 3º ano do Ensino Médio da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), promoveram a festa: “Se nada der certo”. Nesta festa os alunos foram “fantasiados” de vendedores de uma determinada loja de cosméticos, funcionários de uma famosa rede de fast food, empregadas domésticas, porteiros, pedreiros, pintores e assim por diante. O tema mostrava que se não conseguissem a aprovação na carreira a qual estavam concorrendo no vestibular, tais profissões seriam uma espécie de “consequência” ou “plano b”, decorrente da não aprovação no vestibular.
Minha impressão, ao observar essa situação, é que estamos vivendo em uma espécie de “sociedade estamental”, semelhante a da idade média, onde havia os cidadãos de 1ª classe, os de 2ª classe e os de 3ª classe. Neste caso a escolha profissional e os desdobramentos desta escolha irá nos classificar em uma determinada classe social, sendo que a felicidade estaria vinculada a essa classificação.
Reduzir a felicidade ao “sucesso profissional” é algo mesquinho e perigoso. Mesquinho porque a felicidade não está relacionada apenas com a profissão, diga-se de passagem, eu conheço porteiros e empregadas domésticas muito mais felizes que cientistas renomados, médicos ou advogados. É perigoso porque felicidade esta relacionada com a maneira como enxergamos a vida, em todos seus aspectos (família, saúde, amigos, igreja, profissão) e o descontentamento nesse caso não é bom, pode gerar a desintegração da família, doença, isolamento social, insatisfação espiritual e assim por diante.
“Dar certo na vida” é algo extremamente relativo, afinal de contas: o que é dar certo? Se for um diploma de certa carreira em uma renomada universidade, estamos falando de uma felicidade efêmera, e que necessariamente não irá te trazer a felicidade desejada. Estamos falando de uma felicidade fantasiada, e é importante mencionar que a fantasia é muito diferente da realidade. Na maioria das vezes as coisas não saem conforme o planejado, nem todos os formando em medicina se tornam em médicos famosos, nem todos os doutores irão ser cientistas brilhantes, muitos dos formados em direito desistiram da carreira por não se sentirem recompensados.
Mas para “dar certo na vida”, podemos pensar como o autor do Salmo 63:1-4: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. O teu amor é melhor do que a vida! Por isso os meus lábios te exaltarão. Eu te bendirei enquanto viver, e em teu nome levantarei as minhas mãos.”.
O salmista nos convida a nos colocar nos braços de Deus, descansar em sua soberania, permitir-se experimentar o Seu amor diariamente. A satisfação para a nossa vida é uma dádiva do nosso Deus. Como cristãos não podemos deixar que a “cultura” da meritocracia a qualquer custo padronizada pela nossa sociedade seja a bússola de nossas vidas. Como cristãos devemos nos deixar ser guiados pela vontade do Pai, entendendo que a profissão, a família e a maneira de viver, será segundo a Sua vontade.
Rita Lisauskas, em seu blog no estadão.com, ao comentar essa “festa” lembra que a profissão de Jesus, e de seu pai era de carpinteiro. Essa era, e ainda é uma profissão que pode ser considerada pelos alunos da IENH de 2ª ou até mesmo de 3ª classe. O fato é que esse carpinteiro veio ao mundo e curou, devolveu a dignidade às pessoas, alimentou muita gente e morreu sem culpa alguma por nós, para que encontrássemos a verdadeira felicidade, a felicidade da salvação, a felicidade da esperança da vida eterna. Felicidade que não está vinculada com o saldo no banco e nem com o nome da instituição no diploma, está relacionada com a maneira que nos aproximamos ao amor de Jesus.