Quem não arrisca não petisca!

Você já ouviu essa expressão que está no título alguma vez antes de ler este texto? Essa expressão popular, talvez até um pouco ultrapassada, tem como significado que não se pode realizar ou conquistar algo sem correr riscos. Pode parecer meio óbvio, mas talvez não seja tão óbvio assim para muitas pessoas. Correr riscos deliberados envolve uma postura de segurança, confiança, determinação, o que “na teoria” são características que a maior parte de nós temos. É ou, não é? Digo na teoria porque na prática o mais comum é escolher a alternativa que vai causar o menor prejuízo, ou talvez correr apenas pequenos riscos, nas decisões que tomamos e escolhas que fazemos, justamente porque risco significa possibilidade de perda, de não dar certo, de não se conseguir chegar ao objetivo.

E se o risco envolvido no processo for a tua vida? Aí a pergunta fica séria. Correr risco de perder a própria vida é algo que em geral nem passa pela nossa cabeça. Quando tratamos de trânsito, esportes radicais, segurança nas grandes cidades, lugares perigosos, eu diria que não é tão complicado fazer a escolha mais óbvia para não colocar a nossa vida em perigo. Apesar de que tem gente que abusa!! Pega a texto do Salmo 34:7 que diz: “Porque o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os livra.”, e manda ver por aí a fora fazendo loucuras porque “o anjo” está cuidando!! Fique esperto pois o texto não trata bem de proteger quem se arrisca fazendo o que não deve.

Agora eu te pergunto: Você colocaria sua vida em risco para se manter fiel a Deus nas tuas escolhas, mesmo quando todas as probabilidades estão contra você? Sei que a pergunta não é simples nem fácil de digerir, mas o que me leva a fazê-la é olhar o exemplo de Daniel. Logo no primeiro capítulo lemos que Daniel, e outros jovens foram levados como prisioneiros para a Babilônia. Ele fazia parte de um grupo seleto de jovens separados para serem doutrinados na cultura, costumes, língua e religião babilônica para trabalharem em cargos de liderança nas províncias conquistadas pelos babilônicos. Pode-se dizer que ele se deu bem pois os outros iam direto para o trabalho escravo, mas ele foi para a UFB – Universidade Federal da Babilônia com bolsa de estudo integral com alimentação, vestuário e estadia na faixa. Tudo o que ele precisava fazer era aceitar sua nova condição de escravo, seu novo nome, que foi mudado para Beltessazar que significa “Que o deus Baal proteja o rei”, enquanto Daniel significa “Deus é o meu juiz”, e aceitar o que oferecessem a ele.

A primeira grande prova foi quando Daniel fica sabendo que teria que comer e beber da mesma porção do rei. Imagino que a cozinha real deveria ser Masterchef no mínimo, e que ter a honra e o privilégio de comer do que o rei comia deveria ser uma proposta muito especial, principalmente para escravos prisioneiros, que no geral deviam ter que se virar para comer e sobreviver. Daniel quando ouve a ordem enxerga muito mais que apenas alimento, ele vê sua fé, crenças e valores sendo contaminados e destruídos por uma proposta muito tentadora: trabalhar, comer e viver com o melhor do palácio da Babilônia. O ambiente era de idolatria e certamente Nabucodonosor e seu reino não seguiam as recomendações dadas aos filhos de Deus sobre os alimentos que se pode ou não comer. Em Daniel 1:8 lemos que Daniel dessa constatação decidiu não se contaminar. Ele escolhe não comer nem beber os manjares e vinho do rei. Baseado na sua fé, e nas suas convicções, ele decidiu correr o risco, e ele era um prisioneiro e não um convidado. O risco aqui não era perder a “bolsa integral da UFB”, era perder a vida. Quando ele fala com Aspenaz, o responsável por eles, da sua decisão, ouve como resposta (Dan 1:10) que ele não podia permitir que eles seguissem outra dieta pois se não estivessem fortes e robustos ele próprio perderia sua vida. Daniel não desiste de sua decisão e propõe então 10 dias de teste com apenas legumes e água para que Aspenaz possa fazer uma comparação. A convicção de Daniel fez com que o encarregado topasse o teste e o resultado é surpreendente. Depois de 10 dias Daniel e os outros jovens israelitas estavam muito mais saudáveis que os que estavam se acabando na mesa do rei. Confira lá em Daniel 1:15 e 16.

Não vou fazer a defesa da dieta vegetariana porque não era isso que Daniel queria mostrar. Com seu exemplo Daniel nos ensina que fazer as escolhas certas para agradar a Deus pode, muitas vezes, desagradar aos homens, envolver riscos, mas no final compensa. Tomar a posição certa demanda fé e implica sim a possibilidade de perdas. Pode acontecer no namoro, no trabalho, na escola, na faculdade, em qualquer lugar, mas o que não pode acontecer é ficarmos omissos e aceitarmos até o que nos contamina por falta de coragem de assumir uma posição conforme a nossa fé, os nossos valores e nossas convicções. Daniel arriscou muito mais do que normalmente arriscamos e teve sucesso. Ele fez uma proposta que tinha tudo para ser rejeitada, mas arriscou e Deus agiu em seu favor. Do versículo 18 ao 20 do mesmo capítulo diz que quando terminou o período preparatório de 3 anos todos tiveram que defender seu TCC diante do próprio rei. E o rei fez muitas perguntas e testes e chegou à conclusão que Daniel e seus amigos eram pelo menos 10 vezes mais sábios que todos os outros alunos da UFB e sábios de toda a Babilônia.

Era o QI de Daniel e os que tomaram a mesma decisão que ele que era muito acima da média? Foram os legumes babilônicos sem agrotóxicos e a água pura que eles bebiam? Eu digo que não!! Com certeza o que eles eram e o que comiam não faria tanta diferença assim. Se fosse seríamos todos vegetaríamos (Nada contra. Só para registrar). Mas era mais que isso, era DEUS confirmando sua benção sobre aqueles que escolhem acima de tudo, mesmo com riscos, serem fiéis a Ele. Ponha sua fé em ação. Não se deixe abater. Não se contamine. Escolha ser fiel a Deus e você não irá se arrepender.

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