Jesus gostava de contar parábolas, histórias que extraem sabedoria do dia-a-dia. No evangelho de Mateus, numa destas parábolas, Jesus comparou o reino de Deus com uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda a espécie (13:47). Observe que interessante… O reino de Deus foi comparado com uma “rede”. Nesta rede, temos peixes “bons” e peixes “ruins”. Mas em que sentido, o peixe “ruim” tem acesso à rede, que é comparada com o reino de Deus? É que, com a chegada do reino de Deus através de Jesus, todas as pessoas tem acesso a ele. As bênçãos trazidas por Jesus estão disponíveis a todos. Enquanto o reino de Deus estiver atuando na história, toda a humanidade desfruta em alguma medida de suas dádivas. Deus derrama chuva aos bons e aos maus!
Enquanto Deus cuida do mundo criado por ele, todas as pessoas são beneficiadas. A diferença é que muitas pessoas não reconhecem isso, e por isso, mesmo a despeito da generosidade de Deus, não conseguem render graças a ele. Aliás, às vezes vivem como se ele não existisse, e alguns até acham que ele não existe mesmo.
Mas um dia isso tudo vai mudar. Utilizando o exemplo do dia-a-dia, o texto mostra que chega uma hora em que a rede é arrastada para a praia, e, neste momento, acontece a separação dos peixes. No final da história, por ocasião do regresso de Cristo, para trazer o reino em plenitude, os anjos separarão os maus dentre os bons (Mt 13:49). Neste dia, todos os peixes, os bons e os ruins, que desfrutaram dos benefícios da grande rede, serão separados e postos de lados diferentes. Quem vai fazer este julgamento? Deus. Os anjos só o executarão. Não somos nós quem julgamos. Até este dia chegar, os filhos do reino devem viver com o coração grato ao rei; devem deixar o julgamento para Deus; devem viver com a expectativa de que um dia o reino glorioso de Deus virá para dar fim a toda maldade; devem aguardar o dia em que todos reconhecerão Jesus como Rei!
Durante todo seu ministério Jesus anunciou este reino. Esta foi sua principal mensagem. Segundo Nodari e Cescon (2009, p.25), o “reino de Deus é o senhorio de Deus que torna possível ao homem ser homem. É o futuro absoluto e definitivo que funda e torna possível a esperança de um homem novo e de um mundo novo. O reino de Deus não é deste mundo, mas está neste mundo para fazê-lo outro mundo”.
Enquanto aguardamos este “novo mundo”, vivamos já, comprometidos com Jesus, o Rei. Seu reino já invadiu a história. Ele está em toda a parte. Tem dado sinais através dos seus cidadãos, que buscam viver em paz, que aprenderam a repartir ao deixarem de lado o egoísmo e a ganância, que pregam e vivem o amor ao invés do ódio, que instam as pessoas a reconhecerem a realidade do reino e agradecerem a Deus por sua generosidade e graça.
Nesta “grande rede” ainda nadam juntos peixes bons e ruins. Mas um dia ela será “arrastada para a praia”, e ambos serão separados.
Ajuda-nos, Senhor, até este dia!