Assisti recentemente ao filme “Os Vingadores” e nele pude ouvir o seguinte diálogo entre Thor e seu irmão Loki:
– Loki: Eu digo que vou governá-los (referindo-se aos seres humanos).
– Thor: Se acha superior a eles?
– Loki: Sim, acho.
– Thor: Então, não sabe o que é governar, irmão.
Loki desejava dominar a Terra, provavelmente devido a inveja que sentia do irmão que acreditava ser mais amado pelo pai. Então, ataca a Terra para vingar-se de Thor que é protetor dos humanos. Sim, essa é uma história baseada na mitologia grega e em nada tem relação com a Bíblia, mas o comportamento de Loki se assemelha com do povo de Edom. Era o povo descendente de Esaú, irmão gêmeo nada idêntico de Jacó. A despeito da reconciliação de ambos, os descendentes de Esaú traziam o ranço da discórdia familiar e a frustração por não ser o povo escolhido.
Nada cheirava tão mal quanto a crueldade com que Edom tratava seus parentes. Tratou-os com violência, não ajudou Jerusalém quando saqueada por estrangeiros, ao contrário, ajudou a destruir. Desprezou Judá e alegrava-se com sua desgraça. Ajudou a dizimar o povo. Não demonstrou qualquer misericórdia (Ob 10-14).
Não era um povo tão importante, mas tão elevada quanto à região montanhosa em que Edom habitava era sua autoestima. Por sua situação geográfica privilegiada acreditava ser invencível. Confiava nas defesas naturais e nas alianças políticas que fazia. Tinha um falso senso de segurança. Como todo orgulhoso, Edom não conseguia fazer uma autoavaliação honesta. Seu senso de valor próprio era exagerado (Ob 1-4).
Contudo não tinha em mente que “quanto mais alto o voo, maior a queda”. Deus julgaria Edom da mesma forma que julgará todas as nações (Ob 15-16). A sentença é irrevogável. Edom seria destruída pelos inimigos (Ob 5), seus tesouros seriam saqueados (Ob 6), seria traída pelos aliados (Ob 7); sua classe intelectual pereceria (Ob 8); seu exército seria destruído (Ob 9). Deus lhe tiraria os motivos de orgulho.
O profeta Obadias compara Edom com a águia e as estrelas que ficam em partes altas da criação, pois se considerava acima do alcance humano, mas esqueceu-se da grandeza de Deus. A soberba faz isso com as nações e também com os indivíduos. Edom armou o palco não para aparecer, mas para ser humilhado. O Loki do filme foi preso no final. Mas quem é Edom atualmente? Ninguém. Deus julgou seus pecados e o condenou.
Obadias confirma que Deus estabeleceria seu reino (Ob 21). No reino de Deus não há lugar para soberba e crueldade no trato com as pessoas. A Bíblia afirma: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4:6b). O reino de Deus é lugar para pessoas que não acham que tem direitos e merecem estar em evidência, mas para aqueles que reconhecem que não tem qualquer méritos. Por razões óbvias pessoas arrogantes têm dificuldade de reconhecer a necessidade de salvação. Não conseguem assumir que têm pecados e que precisam de alguém que as salve. Se acham autossuficientes. Deus resiste a elas não por falta de amor, mas porque não o reconhecem como Senhor. Portanto, não fazem parte do seu reino.
A Bíblia ainda diz: Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas (Mt 7:12). Assim devem ser nossos relacionamentos interpessoais, tendo em vista o principal mandamento da Palavra de Deus: o amor. Até os inimigos devem ser tratados com amor, afinal que mérito há em amar quem nos ama? Ódio não faz parte do reino de Deus. Deus rejeita os soberbos e os cruéis, contudo as portas do seu reino estão abertas para os humildes e amorosos.