A saga dos 8 ladrões que entram na Casa da Moeda espanhola virou febre em todo o mundo. Não faltam reviravoltas, suspense, romance e uma dose de humor nessa série, até aqui com 2 temporadas, que te prende do início ao fim. Daquelas dignas de “maratonar”, pois a vontade é ver sem parar. Me forcei a responder, ao longo dos episódios, o porquê de tamanha audiência para uma série que não chega a ser um primor (perdão aos fãs), ainda que seja muito boa!
A resposta do senso comum varia entre como o ser humano torce pelo mais fraco até a análise de uma sociedade sem valores que torce por bandidos (os maus) ao invés de ficar do lado da polícia (os bons) – sejamos sinceros, ninguém torce para o Prieto. Torcemos para o Professor, para Nairóbi (para mim, a melhor da série), Denver, Tóquio e, quem diria, até para o Berlim.
O que me chamou atenção na série é a constante metáfora proporcionada pelo dinheiro. Cada personagem, como uma cédula, tem dois lados – sua bondade, seus sonhos, seus pesadelos e do outro lado sua maldade, motivações e justificativas para tais atos. A série parece defender que ninguém é de todo bom ou de todo mal, encontrar a justiça em meio a tudo isso é um desafio para os novos tempos, marcados pelo efêmero, como uma nota de papel que pode ser rasgada e não vale nada, como diz o Professor.
É essa percepção, de que toda moeda tem dois lados, que provavelmente faz com que se torça pelos ladrões. A identificação se dá porque cada uma das personagens, seja a inspetora Murillo ou sua antítese, o Professor, está em busca de “redenção”. Todos querem se acertar com seu passado, querem viver uma nova vida, querem se livrar de seus destinos e encontrar “algo novo” que os faça de novo!
Perdidos que precisam de salvação. Seus erros e suas escolhas tem sempre um pano de fundo de uma história complicada e traumática – criamos empatia e isso anestesia nossos próprios erros. O barro e a obra prima em cada face, de cada moeda.
A busca pela redenção move cada um deles e isso nos emociona, mesmo sem perceber de pronto a relação. O resultado da busca é sempre frustrante, porque buscam da forma e no lugar errado. A redenção torna-se uma utopia ou pequenos momentos de rara felicidade, diante de pequenas vitórias do dia a dia.
Jesus oferece mais! Ah, se todos os que se encantam com as tantas histórias de redenção nas séries atuais entendessem que ela é possível por meio de Cristo Jesus, que veio buscar e salvar Denvers, Tóquios, Helsinques, Rios, Raqueis, Monicas, Arturitos, eu e você. Então, deixaríamos de fugir, sairíamos das casas de papel, que não valem nada, seja o consumismo, o orgulho, a sensualidade ou os vícios e entraríamos na casa do Pai. Essa não é passageira, é para sempre e cumpre o sonho de redenção que habita em cada frágil ser humano: “Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.” – João 14:2-3