Ao chegarem a Ziclague, Davi e seus soldados encontraram a cidade destruída pelo fogo e viram que suas mulheres, seus filhos e suas filhas tinham sido levados como prisioneiros. Então Davi e seus soldados choraram em voz alta até não terem mais forças. As duas mulheres de Davi também tinham sido levadas: Ainoã, de Jezreel, e Abigail, de Carmelo, a que fora mulher de Nabal. Davi ficou profundamente angustiado, pois os homens falavam em apedrejá-lo; todos estavam amargurados por causa de seus filhos e de suas filhas. Davi, porém, fortaleceu-se no SENHOR, o seu Deus. (1 Samuel 30:3-6 – grifos nossos).
Davi, um guerreiro de Deus, se viu numa situação devastadora, juntamente aos seus soldados: eles tinham sido atacados e, neste ataque, todos os familiares foram levados como prisioneiros. A reação de Davi e de seus soldados foi chorar em voz alta. Quando li o versículo que mostra a reação de Davi e de seus soldados, confesso que a primeira coisa que me veio à memória foi uma criança chorando compulsivamente. A criança, geralmente, age com naturalidade. Se ela está triste porque o pai ou a mãe a deixou na creche e ela ainda não está adaptada, provavelmente, chorará. Quando a criança é repreendida por seus pais, em algumas situações, ela também chora… É o choro que é chamado de “choro sentido”. Ou seja, em outras palavras, a criança reage com naturalidade. Os adultos, por sua vez, nem sempre podem ser “honestos” com suas emoções, socialmente falando. Se estou triste, por exemplo, e preciso trabalhar, vou trabalhar mesmo triste, cumprimento os meus colegas de trabalho o mais natural possível, cumpro com meus deveres e, é provável que, só um amigo íntimo notaria essa diferença – e, claro, o nosso Deus!
Porém, voltando ao contexto bíblico em questão, os soldados (“empregados” de Davi) estavam sofrendo, bem como o “chefe”. Todos partilhavam da mesma dor. Todos estavam desesperados. Todos estavam se sentindo impotentes… Todos, sem exceção! Todos choraram em “alta voz”. Imagine só o barulho… No versículo 9 desse mesmo capítulo podemos entender que eram 600 homens chorando. Nenhum desses homens conseguiu se conter. Ali, não se importavam com quem estava ao lado, eles apenas choraram. Para Davi, o peso da situação foi ainda mais difícil: ele “ficou profundamente angustiado”, pois, além de “perder” seus familiares, os seus soldados queriam apedrejá-lo, uma vez que “todos estavam amargurados” e Davi era o líder, o “responsável” pela situação. Neste trecho, temos outra lição. Não podemos permitir que os problemas nos amargure; é normal chorar; é normal perder as forças, porém, não podemos nos entregar ao sofrimento. Não podemos também jogar a “culpa” para as pessoas ou às circunstâncias, afinal, é permissão de Deus. Esses homens estavam tão desesperados que se esqueceram de Deus por um momento, foram cegados (espiritualmente) pelo sofrimento; viam apenas o problema.
O texto não nos diz por quanto tempo aqueles homens choraram desesperadamente, mas, nos diz que, quando nos posicionamos perante o nosso Pai, somos fortalecidos. “Davi, porém, fortaleceu-se no SENHOR, o seu Deus.”: esse versículo dá a entender que apenas Davi se fortaleceu e, através de seu fortalecimento, os seus soldados se fortaleceram. Creio que Davi não chorou por muito tempo, nem mesmo por horas, afinal, logo depois podemos ver que Davi alcançou, juntamente com seus soldados, os seus inimigos. Ainda, é bom dizer que, Davi não agiu sem antes pedir a direção de Deus. Não importa qual o nosso sofrimento, devemos buscar a Sua força e a Sua direção.
Hoje, Deus nos deixa essa pergunta: estamos nos fortalecendo no SENHOR, o nosso Deus, ou estamos nos entregando e chorando em “alta voz”? Por mais que choremos, devemos fortalecermo-nos no nosso Pai.
Que a força de Cristo seja sobre a sua vida.
