No dia 06 de fevereiro desse ano, Santiago Andrade, um cinegrafista da TV Bandeirantes, gravava imagens de uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Centro do Rio, foi atingido na cabeça por um rojão que resultou, após quatro dias em coma, na sua morte. O homem acusado pelo disparo do rojão alegou que não era sua intenção matar o cinegrafista, e que na verdade nem sabia que aquele artefato era um rojão. Então, a morte do Santiago foi à consequência uma atitude “sem querer”.
Por causa desta atitude “sem querer”, uma família (Santiago tinha uma família) sofreu pela perda de seu importante membro, que jamais poderá ser substituído. Por causa da atitude “sem querer”, de um manifestante que reivindicava um preço mais justo parar as tarifas de ônibus (que a principio, é algo que beneficiaria toda uma comunidade), um homem inocente acabou morrendo.
O fato é que mesmo “sem querer”, nossas atitudes têm consequências. E por mais inocentes que sejam as nossas intenções, as consequências não podem ser mudadas. Muitas de nossas atitudes, mesmo com a melhor das “boas intenções”, podem magoar, ou machucar, ou até mesmo vir a matar um inocente.
Por exemplo, em nome da “adoração perfeita” eu faço uma observação severa em relação à postura do grupo de louvor; ou em nome da “santidade” que eu almejo para a igreja, acredito que a crítica “construtiva” em relação à roupa do irmão seja justificável. Mas, todas essas nossas atitudes “sem maldade” e com a melhor das boas intenções, podem levar o nosso próximo a sair da Igreja, perder a sua fé e até mesmo morrer espiritualmente. Diga-se de passagem, este nosso irmão é alguém que nunca poderá ser substituído.
Independentemente de nossas intenções, nós temos que pensar sempre nas consequências dos nossos atos. Devemos ponderar no que a nossa atitude irá alterar na vida da pessoa a quem direcionamos nossas ações. Jesus Cristo disse: “os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado”. (Mateus 12:36-37). Logo, somos responsáveis pelos nossos atos, até mesmo os “sem querer” e “sem maldade”.
Somos chamados para ser cidadãos do Reino de Deus, Reino que tem como uma das suas bandeiras o amor. Todo cidadão deste Reino, tem que se preocupar como que o amor, e consequentemente Jesus Cristo, será evidenciado como resultado de suas atitudes. Afinal de contas, Jesus deixou bem claro: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:39).
Devemos tomar cuidado com as críticas “construtivas”, com as observações “sem maldade” e até mesmo com o perfeccionismo no louvor. Em se tratando do Reino de Deus, na maioria das vezes é melhor ter que aguentar algo que não seja do seu gosto pessoal, do que suportar a responsabilidade de uma vida que morreu espiritualmente como consequência de um ato “sem querer” ou “sem maldade”.