No último final de semana de novembro, estivemos reunidos no Congresso “A Igreja da Palavra – o ensino a serviço da missão”. Dias intensos, muitas atividades, palestras, trilhas, amizades e boas conversas. Para nós, que nos envolvemos com a organização, muita correria! Esse texto não se trata de um resumo abrangente, muito menos cronológico daquilo que foi aprendido pelos participantes, mas o que proponho é uma síntese realmente. Vamos lá!
A tese do congresso é que o ensino deve estar a serviço da missão. Isto é, se somos daquelas igrejas que ainda valorizam o texto bíblico como única fonte e regra de fé e prática, se valorizamos a Bíblia como Palavra de Deus inspirada e revelada, ensiná-la significa vive-la a tal ponto que ela impacte nosso estilo de vida e que também seja nossa fonte e inspiração da prática da missão, pois fomos chamados para participar do plano cósmico do Deus Criador, que decidiu redimir toda a sua criação por meio de Jesus, seu Filho, nos concedendo o Espírito Santo como parceiro e guia de nossa missão no mundo até que a história encontre sua conclusão.
A tese é linda! Mas a realidade, por vezes, parece ser a antítese do exposto acima. Classes de escola bíblica esvaziadas, jovens que não leem a Bíblia, professores de adolescentes que não sabem mais o que fazer porque não conseguem se comunicar com eles, músicos que cantam verdades eternas e não vivem por elas ou que cantam besteiras, mas não conseguem discernir porque desconhecem a fonte, a Palavra! Então, você pensa assim: “você está abordando os que não aprendem por ausência ou omissão, mas temos aqueles, ainda que em menor número, que participam das nossas classes de escola bíblica…” Pois é, parece que também esses tem adquirido um conhecimento racional das coisas da Palavra, mas nem sempre isso se torna prática de uma vida em missão, porque muitos de nossos alunos (e talvez dos professores também) partem do pressuposto que o ensino é para edificação pessoal e não para servir à missão. Um professor meu tem uma frase interessante para as reuniões de culto de muitas denominações: “temos diversos encontros e reuniões sobre Deus, mas poucos encontros reais com Deus em nossas reuniões”. Vou parafraseá-lo para o ensino: “temos muitas aulas sobre Deus, mas pouco ensino efetivo e prático sobre como expressar Deus na sociedade”.
Qual é a síntese desse paradoxo entre o ideal e o real? O congresso desse final de semana foi feliz em apresentar essa discussão. O ensino bíblico é central enquanto conteúdo para que o evangelho seja presente na vida daquele que aprende. Consistência doutrinária é importante para que o ensino inspire confiança. Porém, nada disso é possível sem dois aspectos fundamentais que são a síntese do que vivenciamos nesse tempo de ensino do congresso: primeiro, o professor precisa ser transparente, inspirador, contextualizado, sábio, seguro do conteúdo e resiliente. Pastores, líderes de ministérios e pessoas ligadas ao ensino da igreja: precisamos aliar integridade no ensino (conhecimento bíblico e testemunho de vida) com relevância (contextualização e linguagem). Segundo, é necessário caminhar a segunda milha da atualização nas metodologias e práticas do ensino voltadas intencionalmente não somente para a edificação pessoal, mas para o serviço que podemos e devemos praticar.
Assim, eu e você, no contexto de nossos ministérios, como líderes ou mestres, precisamos ter uma postura que valorize a missão de Deus em nossas próprias vidas, através de integridade e relevância. Aquilo que ensinamos ou pregamos, precisa estar centrado na Palavra e intencionalmente direcionar para a prática da missão no dia a dia, através de abordagens e aplicações que incentivem e inspirem a uma vida de serviço ao Reino de Deus.
A tese é linda. A antítese é preocupante. A síntese é a busca que devemos empreender diante de Deus, clamando para que o Espírito Santo nos capacite para o ensino relevante, cativante e transbordante dos desafios sempre presentes de um Deus que está em missão. Topa?